Gabigol é o 9 que o Flamengo procura? Quem o acompanhou de perto dá uma mãozinha para Abel

Segundo reforço do Flamengo na temporada, Gabriel Barbosa desembarcou no Rio de Janeiro na última quarta-feira, realizou exames médicos e espera pelos documentos da Inter de Milão, da Itália, para assinar o contrato de empréstimo até dezembro. Nesta quinta, ele será apresentado oficialmente no Ninho do Urubu e receberá a camisa 9, que está vaga desde a saída de Guerrero. Número de centroavante. Mas Gabigol é de fato esse homem de referência que o Rubro-negro tanto procura?

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Artilheiro desde a base, os números indicam: o apelido não é por acaso, o Gabigol é goleador. Foram 27 gols em 53 jogos na temporada passada. Em 2018, por exemplo, foi artilheiro do Campeonato Brasileiro (18 gols) e da Copa do Brasil (4 gols). Na competição mata-mata, também havia sido o principal goleador das edições de 2014 e 2015.

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Na prática, no entanto, Gabriel não é um camisa 9 clássico. Até pela velocidade, estatura baixa para os padrões de centroavante (1,78m) e pelo porte físico não tão avantajado assim. É um jogador de mobilidade, que sai bastante da área. Pode atuar em várias funções no setor ofensivo.

Para "ajudar" Abel Braga a achar a melhor função para Gabigol em campo, ouvimos Cuca, Jair Ventura e Rogério Micale, ex-treinadores do atacante; Caio Ribeiro e Maurício Noriega, comentaristas do Grupo Globo; e o jornalista do GloboEsporte.com Gabriel dos Santos, que cobre o dia a dia do Santos e acompanhou o jogador de perto.

Jair Ventura – treinador de Gabigol em 2018

Jair usou Gabriel como 9, mas diz que ele faz bem qualquer função no ataque — Foto: Ivan Storti/Santos FC

No ano passado, logo que acertei com Santos, corremos atrás do Gabriel. Quando as coisas começaram a andar, arrumei o telefone dele e conversamos. Perguntei qual era a ideia dele. Ele é externo, que gosta de cair pela direita para trazer para dentro e chutar com a perna esquerda. Mas já jogou também de 9, com mais liberdade, próximo ao gol. Tínhamos perdido o Ricardo Oliveira. Conversei com ele e falei que minha ideia era usá-lo como 9 para ficar mais próximo ao gol. Ele falou que era a ideia dele também. E casou.

Nos três primeiros jogos ele fez três gols. Nos ajudou demais, mesmo não estando em sua melhor forma. E quando ele entrou em forma realmente, mostrou ser o atacante que sempre foi, matador. É um exímio finalizador, cobra pênalti muito bem e tem uma canhota afiada. Com certeza vai ajudar bastante o Flamengo. Ele abre esse leque para o treinador, em poder jogar aberto ou centralizado, se o treinador quiser um atacante de mais mobilidade no meio. Assim como pode jogar como externo, com bom poder de finalização. Ele gosta do lado direito, mas também pode fazer o lado esquerdo. Ou até no 4-4-2 com dois atacantes.

Cuca – treinador de Gabigol em 2018

Cuca abraça Gabriel após gol do Santos contra o Cruzeiro — Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Foi muito prazeroso trabalhar com Gabriel. O início foi complicado, ele estava em uma fase ruim. A primeira coisa que fiz foi tirar o peso da responsabilidade que ele tinha. Fiz isso, o deixei no banco, as coisas não andaram, e ficou provado que a culpa não era só dele. Depois fizemos um trabalho de posicionamento com ele, gostava muito de sair para os lados. Faltava um pouco mais de presença de área que ele acabou corrigindo. Foi muito produtivo para ele e para nós no Santos.

Imagino que no Flamengo, com Abel, um treinador muito inteligente e capacitado, ele vai saber explorar todo o potencial do Gabriel. Ele não é um pivô fixo, o Abel sabe disso. Ele vai flutuar pelos lados, mas tem faro de gol. Com a bola no pé é difícil você ver o Gabriel tocar para trás ou para o lado. Ele sempre tentará um toque em profundidade ou a finalização. O que é bom para os treinadores, que gostam de jogadores que jogam dessa maneira. Com certeza o Abel vai saber explorar todo potencial dele.

Rogério Micale – treinador de Gabigol em 2016

Micale comandou Gabigol com a seleção olímpica em 2016 — Foto: Lucas Figueiredo / MoWA Press

Naquele período, eu dava liberdade para o quarteto (Gabigol, Neymar, Gabriel Jesus e Luan), que tinha grande movimentação. Pus todo mundo para jogar, fiquei até sem opção de atacante no banco (risos). Ele ficava muito pelo lado direito, para cortar para dentro e bater. Ele foi bem ali, fazia isso no Santos. E o Jesus fazia o centro no Palmeiras. Então tentei interferir o menos possível.

Mas ele tem potencial de jogar como 9, vejo nele essa possibilidade. Tem mobilidade e a finalização. Ele pode fazer as três funções: centralizado, aberto pela direita ou como um segundo atacante, flutuando. Tem que ver as opções do Abel. Agora, não é um jogador de fazer enfrentamento, levar vantagem no um contra um. Ele é mais de cortar para dentro e fazer o arremate.

Caio Ribeiro – comentarista do Grupo Globo

Eu acho que ele foi muito bem no Santos. Acabou sendo artilheiro do Brasileiro e fez grande diferença. Antes da chegada do Cuca, o Gabigol jogava de costas para o gol, e ali eu acho que ele tinha um pouquinho mais de dificuldade. Na primeira passagem, ele jogava ao lado do Ricardo Oliveira. Na segunda, quando o Cuca o manteve como centroavante, mas dando liberdade, ele se tornou um grande jogador.

Ele é artilheiro, tem faro do gol. É isso que o Flamengo está buscando. Pode tranquilamente jogar aberto, fazendo uma diagonal e indo para cima, ou com liberdade para se movimentar lá na frente. Eu só não prenderia ele na área. Ele fica mais à vontade quando tem liberdade de cair pelo lado, mesmo jogando como centroavante. Se ficar paradão no meio dos zagueiros, o Flamengo não vai explorar o melhor dele.

Maurício Noriega – comentarista do Grupo Globo

Gabigol é um atacante versátil e de grande qualidade. Excelente finalizador, pode atuar nas três posições de ataque. Pela direita, cortando para o meio, ele tem um ângulo de finalização privilegiado com a perna esquerda. Pelo centro, trabalha bem, sabe se posicionar na área, é bom no rebote. Pela esquerda, vai ao fundo com velocidade e drible.

Se jogar com um centroavante como pivô, também mostra muita qualidade para tabelas. Ainda pode atuar mais recuado, como se fosse um quarto homem de meio, tem boa saída de bola, visão de jogo. É um atleta acima da média atual no Brasil. Jovem, carismático com os torcedores, tem potencial para ser ídolo de uma torcida apaixonada como a do Flamengo.

No Santos, Gabriel jogava com a 10 — Foto: Ivan Storti | Santos FC l divulgação

Gabriel dos Santos – setorista do Santos no GE

Gabigol é uma ótima contratação do Flamengo. Se fizer tudo o que fez no Santos em 2018, quando foi artilheiro do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil – o primeiro atleta a conquistar esse feito no Brasil –, vai dar muito certo com a camisa rubro-negra.

No Santos, Gabigol chegou no ano passado com status de ídolo e logo provou que, no futebol brasileiro, ele é diferenciado. Começou sua trajetória no auge, com quatro gols em quatro jogos, teve uma queda de rendimento, mas quando decolou, ninguém parou. Gabigol foi um dos poucos pontos positivos do Santos em 2018.

Gabigol é versátil, atua tanto aberto quanto centralizado e tem faro de gol. No Peixe, se destacou na posição de camisa 9, mas foi um centroavante com muita mobilidade, que atendia funções importantes na equipe. Sai muito da área e ajuda na criação de jogadas, além de ter ótima finalização, especialmente na perna esquerda.

Com o elenco de peso do Flamengo, tem tudo para dar alegrias à torcida rubro-negra.

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Fonte: https://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/gabigol-e-o-9-que-o-flamengo-procura-quem-o-acompanhou-de-perto-da-uma-maozinha-para-abel.ghtml

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