Geraldo, o gênio do assovio

Quando se fala de Geraldo Assoviador é impossível não imaginar aquele timaço do Flamengo dos anos 80 com ele. Lico ou Tita ficariam de fora. Segundo Junior, Geraldo era um “Adílio que lançava”. Geraldo era habilidoso e sabia a hora certa de aplicar seus dribles, de correr, de praticar o seu futebol moleque e fazia tudo isso assoviando. Geraldo era um craque!!!

Para o Mastro Junior “Geraldo foi pra nós um cara que fazia as coisas mais difíceis com a maior simplicidade. Ele jogava futebol brincando. E a figura do Geraldo era uma figura alegre, uma figura doce, era uma figura humana… Geraldo ajudava todo mundo“.

Geraldo é contemporâneo de Zico nas divisões de base. Os dois se tornaram grandes amigos, não se desgrudavam. Seu Antunes, pai de Zico, o chamava de “meu filho marronzinho”. Geraldo passou por certa irregularidade até se firmar no time no ano de 1974. Geraldo jogava por diversão, por prazer e com um alegre futebol.

Geraldo e Zico – Amigo inseparáveis

Foi adotado pelo meu pai como o “filho marronzinho” e vivia assoviando e não era só no campo, vivia assoviando o dia inteiro. Geraldo era um jogador que não olhava pra bola. Jogava empezinho, olhando tudo e era um jogador que tinha uma elegância danada pra jogar“, disse Zico, parceiro no campo e amigo de Geraldo.

Geraldo foi convocado por Oswaldo Brandão para a Seleção Brasileira em 1975. Fez sete jogos com a amarelinha entre os anos de 1975 e 1976. Disputou a Copa América, Copa Roca e Torneio Atlântico. Venceu com a Seleção a Copa Roca e o Torneio do Atlântico.

O Geraldo era muito alegre, muito cheio de vida e a personalidade dele posso lhe dizer pelo que aconteceu. Ele era reserva do Afonsinho no Flamengo e Afonsinho era o nosso paizão no prédio. Um dia o Geraldo barrou o Afonsinho, ganhou a posição de titular. Um dia o Baianinho que morava com o Afonsinho chegou no nosso apartamento falando que Geraldo estava chorando, Geraldo quer parar de jogar porque barrou o Afonsinho e fomos todos para o apartamento de Geraldo e Afonsinho falava “Para com isso moleque, que é que isso?” e injetamos o ânimo nele, mas ele ficou chateado com aquela situação. Aí você pode notar o caráter daquela figura“, disse o cantor Fagner, amigo e vizinho de Geraldo.

Geraldo nasceu na cidade de Barão de Cocais, em Minas Gerais. Filho de Dona Nilza, mãe de nove filhos, sendo cinco deles jogadores de futebol. É claro que o mais habilidoso era Geraldo. Talento reconhecido até pela mãe. Quem levou Geraldo ao Flamengo foi seu irmão Washington, zagueiro do clube. Isso lá pelos idos do inicio da década de 70.

Em 1976 na final da Taça Guanabara contra o Vasco, Geraldo marca o gol do empate em 1 x 1. Assim como Zico, Geraldo também desperdiça a sua cobrança e o Vasco conquista o titulo do turno.

O cantor Jorge Ben Jor, Rubro-Negro e amigos de muitos jogadores do Flamengo da década de 70 e 80, disse que “Geraldo jogava bonito, era o rei da bola, pô, de pentear a bola, ele penteava a bola na frente do zagueiro e não queria saber quem fosse“.

Geraldo comemorando o gol contra o Vasco em 76

Ainda em 1976, o departamento médico do Flamengo avisou a Geraldo que ele precisava fazer uma operação nas amígdalas por causa de uma inflamação crônica na garganta. A mãe de Geraldo confirma que ele não estava disposto a operar. No dia 25 de agosto, Geraldo é internado na Clínica Rio Cor, em Ipanema, porém a cirurgia não foi realizada. No dia seguinte, às 07 horas da manhã, Geraldo foi internado e o otorrinolaringologista Wilson Junqueira lhe aplicou a anestesia local. A cirurgia transcorreu, mas após vinte minutos, Geraldo se sentiu mal e seu coração parou. A equipe médica tentou reanimá-la, mas sem sucesso. Às 10h e 39m, faleceu precocemente, Geraldo aos 22 anos vitima de um choque anafilático provocado pela anestesia.

O corpo de Geraldo foi velado na sede do Flamengo e além de mobilizar os amigos e a família, a morte de Geraldo também mexeu até com jogadores rivais. Foram realizados dois amistosos em memória de Geraldo. O primeiro foi em 1976 contra a Seleção Brasileira. Amistoso que serviu para arrecadar fundos para a família do jogador. O outro amistoso foi realizado em 1995 entre as equipe máster do Flamengo e de Minas Gerais. O amistoso foi realizado em Barão de Cocais e serviu para arrecadar fundos para a construção do mausoléu para Geraldo. O Flamengo perdeu a partida por 2 x 1. O gol do Flamengo foi marcado por Zico.

Zico chora sobre o corpo de Geraldo no caixão, durante velório na sede

A morte precoce de Geraldo causou um enorme choque na equipe e principalmente em Zico, o seu ‘irmão’. Não houve ao time do Flamengo mais clima. O clube só obteve um quinto lugar no Estadual e no Campeonato Brasileiro. Até hoje os amigos e familiares se emocionam ao falar de Geraldo.

Geraldo disputou cento e sessenta e nove partidas pelo Flamengo, tendo marcado 13 vezes e conquistou com ainda 16 títulos entre torneios, Estadual e turno de campeonato. Pela Seleção Brasileira, como já mencionado acima, venceu dois torneios em 1976.

No dia 26 de agosto, completa 41 anos sem Geraldo! E temos uma dúvida e uma certeza: O que o Flamengo poderia ter sido com Geraldo e que ele deixou saudades.

Tulio Rodrigues (@PoetaTulio)

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2017/04/geraldo-o-genio-assovio/

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