O Flamengo suspendeu todas as atividades tanto na sede da Gávea quanto no Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, por conta do novo coronavírus. Além disso, todas as competições no Brasil foram suspensas, sem prazo para serem retomadas. Nesta segunda-feira (13), os médicos dos clubes que disputam o Campeonato Carioca se reuniram para debater sobre o tema, e o infectologista Celso Ramos Filho, amigo pessoal do presidente da FERJ Rubens Lopes, participou do debate.
Celso Ramos Filho é pós-graduado em Doenças Infecciosas pela USP e auxilia a FERJ na tomada de decisões sobre a doença. O infectologista se demonstrou bastante reticente sobre os cenários encontrados entre os clubes do Campeonato Carioca. Em entrevista ao site do Globo Esporte, o profissional acredita que ainda vai demorar para que a bola volte a rolar pelos campos do Brasil.
— Foram mais de 30, quase 40 médicos, do Madureira, do Friburguense, de clubes com realidades diferentes. Isso é importante, porque a realidade do Flamengo e do Madureira são coisas distintas. Tem um lado que se um jogador adoece é manchete. No outro o jogador chega de ônibus. São realidades distintas até do ponto de vista do convívio do atleta fora do clube -, disse o médico, que prosseguiu:
— Gostei muito da experiência. Um grupo de médicos, com pessoas interessadas, preocupadas com atletas. Na reunião lá atrás com dirigentes (a da paralisação da competição no dia 16 de março) só ouvi preocupação com as finanças do clube. Nessa não ouvi nenhuma. “Ah, o médico não é responsável pelas finanças”… Não, não é, mas foi importante discutir série de pontos. A comissão vai fazer documento que vai passar por mim, mas não estou pretendendo ter poder de veto,nada disso, mas depois será levada para outra reunião, na quarta -, comentou, antes de continuar:
— Sou especialista em doenças infecciosas. Eles são especialistas em medicina esportiva, outro em ortopedia,sei que o Serafim (do Flamengo) é cardiologista. O que fiz foi esclarecer algumas coisas sobre a minha visão do que vai acontecer no comportamento da pandemia. Explicar a eles as diferenças entre vários testes que existem. Não pode um usar um equipamento para fazer teste, outro usa outro equipamento e um terceiro outro -, ponderou.
O Flamengo deu férias coletivas aos seus atletas até 21 de abril. No entanto, este prazo pode ser estendido caso o Covid-19 ainda não esteja com a situação controlada no Brasil. Celso Ramos Filho, por sua vez, acredita que será difícil que as competições retornem no final de maio, como projeta algumas federações. Isso porque, o infectologista afirmou que a proliferação do vírus ainda encontra-se em alta no momento, podendo diminuir apenas em junho ou julho.
— Não foi discutido comigo, até porque nisso entra a CBF no meio. O Carioca você pode resolver em duas semanas. Mas é muito difícil fazer qualquer previsão. A pandemia não tem data nem para começar nem para terminar. Vamos ter ainda transmissão comunitária. Por quanto tempo? Posso dizer com experiências que temos de outras epidemias de outros vírus, não leva menos de dois meses, dois meses e meio para passar (a transmissão) -, falou, antes de responder sobre qual o momento exato que se pode contar os meses da proliferação: