Dentre os 20 clubes que disputarão a Série A do Campeonato Brasileiro Masculino de 2019, apenas o Fortaleza ainda não investiu em uma equipe feminina. Repentinamente, os grandes clubes brasileiros passaram a investir em times femininos, futebol de base e peneiras para a categoria, mas a explicação para este fenômeno não está, necessariamente, no maior respeito e valorização à modalidade.
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Como destaca Andrei Kampff em seu blog Lei em Campo, o investimento de clubes da primeira divisão nacional em times femininos partiu de uma obrigatoriedade imposta pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para atender o cronograma de uma ação global promovida desde 2016 pela Fifa por maior valorização e atenção ao futebol das mulheres.
A Fifa determinou em estatuto que o futebol feminino precisaria ser valorizado e expandido, para que tenhamos 60 milhões de mulheres praticando o esporte até 2026. No Brasil, a prática futebolística por mulheres chegou a ser proibida e posta na ilegalidade ao longo de décadas, lei que caiu somente nos anos 80, após a redemocratização.

Para que este movimento fosse recebido e assimilado na América do Sul – em atraso se comparado à Europa e América do Norte -, Conmebol e CBF não viram outra alternativa se não criar impedimentos ao futebol masculino em caso de negligência à categoria feminina. Hoje, clubes brasileiros só podem disputar competições nacionais ou continentais se tiverem uma equipe de mulheres disputando, ao menos, um torneio estadual/regional.
Tal obrigatoriedade divide opiniões. Há quem acredite que, se não à fórceps, clubes jamais investiriam na modalidade. Há também quem é entusiasta do futebol feminino, mas não vê a imposição como resolução aos problemas históricos que ele carrega. No fim das contas, o caminho pela equidade de gênero na prática esportiva segue caminhando a pequenos passos, esbarrando em mentalidades atrasadas e estruturas desiguais.