Olá, companheiros e companheiras de Coluna do Fla. Estamos de cabeça cheia por causa da derrota de ontem. Mas, eu e diversos outros colunistas deste site estamos alertando desde o início do ano sobre a forma como o time está se comportando em campo. Seja nas vitórias ou derrotas, escrevemos sobre o futebol pífio que o rubro-negro está jogando. Infelizmente, muitos dos que nos leem “sentam” no resultado e nos xingam quando apontamos as falhas da equipe.
Essa coluna não é um “eu avisei”, até porque não tenho tal pretensão. Apenas peço pra que cada um olhe e analise bem pro Flamengo que entrou em campo ontem. Foi a personificação de todos os erros que tenho apontado desde o início do ano: falta de compactação defensiva, criatividade e um estilo de jogo que funcione.
O ridículo primeiro gol da LDU mostra muito bem isso. Faltando vinte segundos pro fim do primeiro tempo, Pará dá um bico na bola, pra ninguém. O zagueiro do time equatoriano domina e dá outro chutão. Nossa zaga dormiu, não viu o atacante, assim como Pará, que ficou parado, dando condição. Além disso, Diego Alves tava no gol, quando a maioria dos goleiros se adianta pra poder dividir com o atacante.
Pará fazendo das suas!!! pic.twitter.com/QLhsyt8JYw
— Veloso – Rubro Negro (@marioveloso2010) April 25, 2019
Outro dado assustador é como o time recuou (como de praxe), após abrir o placar. Até o gol de Bruno Henrique, estávamos com 61,2% de posse de bola. Depois, este número caiu pra 37%. Em determinados momentos, de acordo com o site de estatísticas Footstats, a LDU chegou a ficar mais de 70% do tempo com a bola nos pés.
O mapa de calor da equipe mostra que a produção ofensiva foi pequena, com a bola concentrada no meio e na intermediária defensiva. Ao fim da partida, Everton Ribeiro deu a seguinte declaração: “Faltou jogar mais próximo, para aproveitar os espaços que a LDU estava nos dando. A gente precisava jogar coletivamente. A gente deixou muitos espaços, tanto na frente quanto na defesa. Isso dificultou para todo mundo”.

E o camisa 7 tem razão. Falou coletividade. Acima de tudo, faltou um padrão de jogo. Só que este problema acontece desde o início do ano. Disse aqui após da vitória contra o San José (onde fui xingado até a alma). Nossas vitórias estão acontecendo com base na individualidade, mas tem hora que não vai funcionar, principalmente diante de adversários mais classificados. Não adianta termos dinheiro e um dos melhores elencos do país se futebolisticamente isso não se apresenta em campo.
E a parte mais desagradável vem de uma ala da torcida, que só sabe fazer a análise por trás do resultado. Infelizmente, no Brasil, vivemos a síndrome de 1994: o que importa é ganhar, não interessa como. Só que jogando mal, sem padrão, as chances diminuem. Uma equipe estruturada pode não vencer todas, mas o caminho pode ser mais tranquilo.
E essa crítica ao trabalho do Abel precisa ser feita. Precisamos analisar o que o time está apresentando. Esses erros, como o chutão do Pará, a paralisia do Diego Alves, a falta de marcação no segundo gol e a dificuldade de criar jogadas são resolvidos com treinamento. A pergunta que fica é: como este time treina? Quais são as atividades passadas pela comissão técnica?
Não podemos ficar em cima das velhas “muletas”, como altitude, cansaço, maratona de jogos, etc. O que falta é futebol. E o treinador precisa ser cobrado por isso.
Acredito que, minimamente, as coisas estão mudando. A mudança do sistema de jogo, com Gabigol na direita, ER7 no meio, Arrascaeta na esquerda e Bruno Henrique no comando de ataque pode render frutos. Mas é preciso movimentação dos jogadores. E mais, é preciso que a bola chegue com qualidade. Por isso o trabalho dos volantes é imprescindível. Só que a insistência com Arão é surreal. Não consigo encontrar embasamento tático, técnico ou estatístico que comprovem sua “intocabilidade”. Aliás, os dados que temos vão na contramão. Ontem desarmou menos que Arrascaeta, que jogou apenas 45 minutos. E em todo o momento, o vemos correndo errado. Ou muito pra trás, ou muito pra frente.
Com o time que temos, podemos vencer qualquer partida de uma forma bem simples: jogando futebol, não pelada.
Fonte: https://colunadoflamengo.com/2019/04/matheus-brum-o-que-falta-e-futebol/