Matheus Brum: “Temos que separar o joio do trigo”

Olá, companheiros e companheiras do Coluna do Fla. Dia muito complicado hoje, não é? A cabeça está quente por causa da eliminação na Copa do Brasil, entretanto, apesar da derrota nos pênaltis, precisamos separar o joio do trigo na análise não só do resultado, mas também da sequência da temporada do Mais Querido.

Ao contrário do que muitos podem pensar, o Flamengo não jogou mal. A surpresa da escalação de Lincoln, nos primeiros quinze minutos, surtiu efeito. A equipe marcou sob pressão no campo de ataque do Athletico, praticamente não deixando os paranaenses jogarem.

A lesão de Arrascaeta, antes da metade da primeira etapa, modificou o panorama da partida, pois Vitinho não entrou bem. Ainda assim, continuamos superiores. Com a bola nos pés, procuramos trocar passes, tirando a bola da região de pressão – ou seja, onde tinha mais marcadores athleticanos -, buscando também a progressão ao ataque e a busca por passes nos espaços deixados pela zaga adversária. Foi assim que Lincoln meteu a bola na trave.

Entretanto, este tipo de marcação cobra o seu preço, que é o cansaço dos jogadores. Como disse no empate de semana passada, no jogo de ida, o Furacão está acostumado a enfrentar equipes com este estilo de marcação. Com o passar do primeiro tempo, a equipe de Tiago Nunes – muito bem treinada, por sinal – conseguiu equilibrar a partida. Mesmo assim, os números da primeira etapa foram claros: o Flamengo teve superioridade na posse e trocou mais passes entre o meio e o ataque, ao contrário do Athletico, que passou a maior parte do tempo na defesa.

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Flamengo teve mais posse de bola, mostrando que controlou a partida (Reprodução: Footstats)

No segundo tempo, Jorge Jesus voltou com a mesma equipe, mas, com uma característica diferente: o português pediu para que os atletas trocassem mais o posicionamento. Lincoln caiu pela direita e pela esquerda, assim como Gabigol. Essa movimentação era importante na tentativa de quebrar as duas linhas de quatro da marcação do Athletico, que, até aquele momento, conseguia neutralizar nosso ímpeto ofensivo.

Em uma boa jogada individual de Vitinho, Everton Ribeiro conseguiu tocar pro meio da grande área e Gabigol cutucou para o fundo do barbante. O gol tem dedo do JJ. Reparem que haviam quase o mesmo número de jogadores do Flamengo e do Athletico dentro da área, algo que também foi visto contra o Goiás.

Entretanto, ao contrário do jogo contra o Esmeraldino, não estávamos roubando tantas bolas no campo de defesa ou no meio. Os desarmes aconteciam na intermediária ofensiva, e isso não é uma falha apenas do sistema defensivo flamenguista, mas sim um mérito do rival paranaense, que sabe se sair bem contra equipes que possuem marcação alta.

Como tinham três atacantes, JJ preferiu segurar mais Rafinha e Rene, para evitar a bola nas costas. Funcionou. Diego Alves não teve que fazer nenhuma grande defesa até o fatídico lance em que Rafinha erra o bote, abre o espaço na lateral direita e Rony faz o gol de empate. A partir daí, os jogadores, assim como a torcida, sentiram o baque. Na decisão por pênaltis, acabamos sendo derrotados.

É difícil pedir para muitos de vocês, companheiros e companheiras, que esqueçam a paixão e façam a análise tática da partida. Compreendo. Entretanto, este é o meu papel e, por isso, terei que ser, na visão de muitos, “advogado do diabo”.

A eliminação é o ônus de ter um trabalho que se iniciou há 28 dias, na véspera de jogos tão importantes. O erro no planejamento desta temporada apareceu de forma acachapante na noite de ontem no Maracanã, contudo, devemos perceber que atuamos dentro daquilo que o treinador pensou para a equipe. O Furacão, durante 90 minutos, só teve uma chance de fazer o gol. E, por falha nossa e mérito deles, conseguiram.

Enfrentamos uma equipe com um trabalho sólido de um ano. Mesmo com inferioridade técnica, taticamente eles estão muito a nossa frente. Isso também faz diferença. Ainda assim, temos que analisar que fomos superiores em quase todos os momentos da partida. A equipe buscou, dentro dos 90 minutos, variações que permitissem um jogo melhor.

Sobre os pênaltis, acredito que seja o momento do Diego deixar de ser cobrador, pelo bem dele. Foi o melhor jogador da nossa equipe, por mais que os haters não reconheçam isso. Defendeu, armou, tentou finalizar, colocou o pé na área. Mostrou que sabe fazer a função. Infelizmente, mais uma vez, falhou no momento decisivo.

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Mapa de calor de Diego, mostra como o camisa 10 atuou em todas as faixas do campo. Está pronto para atuar como 2º volante (Reprodução: Footstats)

Acredito que é preciso um trabalho psicológico com o Vitinho. Claramente, foi ele o jogador que mais sofreu após a eliminação. O clima de animosidade perante a torcida não ajuda neste momento. Não só para o atleta, mas também para o ser humano.

Por fim, temos que rezar para que as lesões de Bruno Henrique e Arrascaeta não sejam graves, comprometendo o encaixe da equipe neste início de “Era JJ”.

No mais, a temporada não acabou. Relembrando, JJ tem três jogos. E em cada partida, vimos partes diferentes do novo estilo e modelo de jogo que ele quer colocar no Flamengo. Agora, é continuar na torcida para que nas duas competições que nos restam, possamos conseguir nosso maior desejo: o título.

Matheus Brum
Jornalista
Twitter: @MatheusTBrum

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Fonte: https://colunadofla.com/2019/07/matheus-brum-temos-que-separar-o-joio-do-trigo/

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