Mauro Cezar analisa série de demissões no Flamengo em meio à pandemia: “Falta tato para lidar com a situação”

Em 2019, o Flamengo teve o tão sonhado ‘ano mágico’. Além dos títulos dos campeonatos Carioca e Brasileiro, o Mais Querido conquistou o bicampeonato da Libertadores da América. Em consequência da boa fase em campo, o Rubro-Negro sentiu os reflexos em suas finanças, já que apresentou R$ 950 milhões de arrecadação. Em meio a isto, o Fla traçou um plano para garantir estabilidade financeira mesmo durante uma crise que durasse três meses.

No entanto, com a pandemia mundial do novo coronavírus, o futebol brasileiro foi totalmente paralisado. Por decorrência disso, o Flamengo acabou demitindo 62 funcionários da sede social do clube, na Gávea, com pouco mais de um mês e meio de ‘crise’. No podcast ‘Posse de Bola’, do Uol Esporte, o jornalista Mauro Cezar Pereira analisou a situação. Para o comentarista, dirigentes podem acabar se aproveitando do momento para realizar demissões de funcionários ligados a gestões passadas dos clubes.

No caso específico do Flamengo, existe um agravante que é o fato de o clube ter fechado o ano numa situação de R$ 950 milhões de arrecadação e, de repente, apresentou um chamado teste de estresse que aguentaria três meses numa crise, e com um mês e meio começou a mandar embora. Tem várias pessoas sendo mandadas embora -, disse antes de completar:

Muitos clubes estão fazendo isso. O que me chama a atenção é quando há um aproveitamento da situação, quando alguém tira proveito da crise para mandar o funcionário embora. Talvez, fosse até dizer: ‘bem, mas tem muito clube que tem cabide de emprego’. Se tem, sempre foi assim. Então, por que demitiu agora? Se é cabide de emprego, o cara ganhou a eleição e detectou que tem dez, 20, 100 caras ali que não fazem nada e que estão ali por algum favor de um antigo dirigente. Então, você resolvesse isso antes e não agora. É difícil entender e difícil de justificar -, completou.

O colunista aproveitou para traçar um paralelo de ações do Flamengo na gestão passada com a atual, comandada por Rodolfo Landim. Para Mauro, há uma grande evolução no aspecto esportivo e na montagem de um elenco vencedor, mas uma queda na preocupação com o lado humano dentro da instituição.

No caso do Flamengo é o de sempre, é a falta de tato para lidar com a situação. Eu vejo dois aspectos: os caras que comandam o clube, que assumiram lá em 2012, não o Bandeira, que era quase uma rainha da Inglaterra ali, mas os caras anteriores a ele, que faziam parte do grupo, esses que lá estão, o lado bom deles, montaram um projeto de recuperação do clube como você recupera uma empresa que está quebrada. Funcionou? Claro que funcionou. É só você ver os resultados financeiros, administrativos, aumento de receita, redução de dívida, renegociação de dívida, recuperação de crédito, a maneira que o mercado olha para o clube, tudo isso é legal, maneiro, praticamente irretocável -, declarou antes de prosseguir:

No futebol havia na época do antigo presidente uma série de equívocos na gestão que era um desastre absoluto, um paternalismo absurdo. E agora não tem nada de paternalismo e nem nada, não tem equilíbrio. É tudo muito frio. E o que acontece no futebol é o que acontece na sociedade. As empresas demitem, pura e simplesmente, mandam embora. E quando surge uma situação assim, muitas se aproveitam. No futebol é igual porque as cabeças dos caras que estão à frente dos clubes de futebol são muito parecidas, quando não são as mesmas, dos caras que demitem no chamado mundo corporativo -, finalizou.

Fonte: https://colunadofla.com/2020/05/mauro-cezar-analisa-serie-de-demissoes-no-flamengo-em-meio-a-pandemia-falta-tato-para-lidar-com-a-situacao/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=mauro-cezar-analisa-serie-de-demissoes-no-flamengo-em-meio-a-pandemia-falta-tato-para-lidar-com-a-situacao