É sempre uma cena melancólica. Enquanto os jogadores de linha se abraçam, reservas e comissão técnica festejam, e desconhecidos na arquibancada vibram juntos como se fossem irmãos, o goleiro geralmente comemora sozinho o gol de sua equipe. Foi nessa solidão tão comum na carreira que Julio Cesar celebrou ontem sua última vez como jogador-torcedor do Flamengo.
O sorriso largo do goleiro, os braços abertos, a corrida sem direção, tudo isso se repetiu depois dos dois gols de Henrique Dourado na vitória sobre o América Mineiro, em um Maracanã ocupado por xx mil torcedores, ali para se despedir do jogador, um dos melhores da história rubro-negra na posição.
Antes da partida começar, o goleiro pegou o microfone no centro do gramado para a última preleção da carreira, tão acostumado a fazê-las no vestiário, dessa vez diante do estádio lotado.
Quando a bola rolou, fez quatro defesas importantes, sem deixar de mostrar os efeitos do tempo. Aquelas elasticidade e explosão que o tornaram referência já não estão mais lá. No primeiro tempo, caiu de mal jeito e precisou ser atendido na mão direita. No segundo tempo, aos 38 minutos, sentiu caibras, recebeu alongamento do companheiro de time e sorriu, como se dissesse: é, chegou mesmo minha hora.
Aos 38 anos, sabe que ela chega para todo mundo. Agora é hora de seguir apenas como torcedor.
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