Na torcida pelo Flamengo, Savio da conselho a Vinicius Junior

Ídolo do Flamengo nos anos 90, o ex-atacante Savio mantém um pé no seu passado histórico, e outro, sem tanta firmeza, no presente. Dos tempos que ficaram para trás, o Anjo Louro da Gávea guarda alegrias, mas também a dor, principalmente, por um ataque dos sonhos que não deu certo, em 1995, ao lado de Romário e Edmundo. Já nos tempos atuais, de empresário e torcedor, Savio convive com a dúvida: o Flamengo vencerá o Junior Barranquilla, nesta quinta-feira, a partir das 21h45, no Maracanã, no primeiro confronto da semifinal da Sul-Americana? Pode ser. Mas as atuações do time na temporada não o deixam entusiasmado.

– A escola colombiana melhorou muito. O importante é o Flamengo fazer um bom primeiro jogo aqui e, se possível, levar uma vantagem para a Colômbia. Se não levar uma vantagem, lá vai ser muito difícil – prevê o ídolo.

Em um descontraído bate-papo com o Globo, em uma barbearia em Ipanema, Savio, de 43 anos, deixa evidentes algumas preocupações com o Flamengo de Reinaldo Rueda. A recente discussão entre Felipe Vizeu e Rhodolfo, por exemplo, na vitória sobre o Corinthians, foi desnecessária na sua avaliação.

– Não é normal. Da maneira como foi, não vejo nenhuma normalidade. É questão de comportamento. Tem que segurar a onda. É um momento difícil pelo qual estão passando, mas nada justifica o que aconteceu – critica o ex-atacante, insatisfeito com o que tem visto em campo: – Eu não estou satisfeito. Pelo que se projetou, pelas contratações… Falta identificação. Em vários jogos não consegui detectar que ali era o Flamengo.

A crítica ao destempero de Vizeu e Rhodolfo vem de quem, em 1995, discutiu feio com Romário durante um amistoso no Japão. Chegou a ser agredido em campo pela estrela, com quem ainda bateria boca no vestiário. Nem aquela baixaria foi pior, segundo Sávio, do que a discussão do último domingo entre os dois jogadores do Flamengo no jogo contra o Corinthians.

– Houve uma discussão. Ele me deu um toque por baixo. Houve uma discussão forte no campo e depois no vestiário. Mas acabou ali. Foi a única vez em três anos que ele discutiu comigo. Naquela época ninguém repreendia ninguém. Eu torcia para que repreendessem (…) Faltava comando. Não tinha como dar certo. Não adianta colocar grandes jogadores em um elenco. Vaidade grande. Eu me incluo também.

A confusa administração de 1995 proporcionou surpresas como a escolha do radialista Washington Rodrigues, o Apolinho, para o cargo de treinador.

– Ninguém podia esperar nada do Apolinho. Ele não era treinador. Ninguém espera que um jornalista vai assumiu um clube como o Flamengo. Mas a toda hora acontecia uma coisa. Então, a gente já se acostumava a essas novidades – lembra.

A nostalgia remete Savio também ao Real Madrid, clube pelo qual levantou o título mundial de 1998 em uma decisão contra o Vasco, no Japão. O que também o faz divagar sobre Vinicius Junior, alguém que, como ele, tem o Flamengo como trampolim para o futebol espanhol.

– Ele é o terceiro jogador do Flamengo envolvido em uma negociação direta do Flamengo com o Real Madrid. Antes dele, só o Evaristo de Macedo e eu. Ele tem que melhorar, fortalecer e se identificar cada vez mais com o Flamengo. Quando eu fui, me disseram: “Nunca mude o seu estilo de jogo”. A torcida do Real gostava disso.

A do Zaragoza, mais ainda. Savio foi ídolo por lá e até hoje se arrepende de ter voltado ao Flamengo em 2006, em uma tentativa de encerrar a carreira. Encontrou uma estrutura que não lhe deixa saudade.

– Eu poderia ter pensado mais. Poderia ter me informado melhor, ter pensado duas vezes.

Savio vive atualmente em Florianópolis, onde comanda uma empresa de gestão esportiva e empreendimentos imobiliários.

Fonte: https://oglobo.globo.com/esportes/na-torcida-pelo-flamengo-savio-da-conselho-vinicius-junior-22101378

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