No dia em que se pronunciou na condição de candidato à presidência do Flamengo e também como vice-presidente de futebol do clube, Ricardo Lomba deu um voto de confiança ao técnico Maurício Barbieri. Mas, ao mesmo tempo, deixou claro que paciência tem limite e a manutenção do treinador à frente do time não será incondicional. A relação atual sobrevive graças à confiança de que o Fla, mesmo com a instabilidade no período pós-Copa do Mundo, ainda pode reagir.
— Barbieri é o nosso treinador, acreditamos nele, confiamos nele. Temos que ir trabalhando e percebendo a reação, o que está sendo produzido. Quando perdemos a confiança e acharmos que mesmo com trabalho as coisas não vão mudar, não tivermos esperança, aí é o momento de uma troca. Enquanto acreditarmos, acharmos que vai dar resultado, as mudanças não serão necessárias — afirmou Lomba.
A pressão sobre o treinador cresce dentro e fora do Flamengo. Sobretudo porque o time viu a distância para o líder do Brasileiro, o São Paulo, ficar em cinco pontos com o inesperado empate no clássico contra o Vasco, que está na zona de rebaixamento. A aposta é que nesta semana sem jogos na quarta-feira o time consiga o mínimo de robustez para mostrar reação domingo, contra o Atlético-MG, no Maracanã.
O recado que vem do vice de futebol é que Barbieri não pode se acomodar diante das frequentes demonstrações de confiança que recebe.
— Precisamos render, encontrar resultados. Não há nenhum tipo de estabilidade de servidor público. Todos são avaliados — avisa Lomba, que assegura ter autonomia para tomar a decisão que bem entender, independentemente se os jogadores considerarem um erro a demissão do treinador.
Campanha exposta
Em um hotel em Ipanema, Ricardo Lomba, trazendo para si a imagem da chapa azul, apresentou seus principais apoiadores e quadros, se for eleito presidente do Flamengo na eleição de dezembro.
Atual vice de futebol, ele teve apoio do presidente Eduardo Bandeira de Mello só em vídeo, já que o mandatário está em campanha eleitoral no Norte Fluminense.
Entre os vice-presidentes presentes, Walter Oaquim foi confirmado como vice-geral. O vice de futebol desejado, mas ainda não anunciado, é Luiz Gustavo Nogueira, que vinha atuando na base em um cargo político não remunerado.
Alexandre Wrobel, vice de patrimônio, e Daniel Orlean, vice de marketing, também não estiveram presentes por compromissos particulares, mas apoiam a gestão.
Vice de planejamento, Marcelo Haddad foi o apresentador da candidatura de Lomba e disse que Antonio Tabet apoia o candidato mesmo tendo saído da função de vice de relações externas.
— O projeto da continuidade não é um projeto pessoal. Todos entendemos que essa gestão vem fazendo um excelente trabalho que merece ser continuado. Cometemos erros que servem de aprendizado. Estamos no caminho certo, o Flamengo apresenta resultados em diversas áreas. O futebol cresceu de maneira sólida. Não estamos no patamar em que desejamos, mas estamos no caminho certo — disse Lomba.
Zagueiro cita maratona do time
O discurso se repete a medida em que os resultados positivos insistem em não vir. Mas a reclamação é legítima. De fato, o calendário do Flamengo não tem sido simples nos últimos tempos. E isso pesa no rendimento do time, como pontuou o zagueiro Léo Duarte, em coletiva.
— Foram 18 jogos em 60 dias. O time titular mudou pouco. Foram apenas três folgas em dois meses. Muito pouco. O jogador acaba cansando. São jogos desgastantes, é muito difícil manter a regularidade — disse o defensor, que falhou em lances capitais nos últimos jogos.
Para Léo Duarte, a possibilidade que esta semana sem jogos na quarta-feira oferece precisa ser valorizada e dá esperança para uma reação rubro-negra na temporada.
— Há muito tempo não tínhamos uma semana inteira. Em 60 dias foram 18 jogos. Mais recuperação do que treino. O Barbieri terá uma semana para fazer ajustes. Esperamos melhorar. Acho que falta treinamento. Foram muitos jogos, um em cima do outro. Os jogadores não têm muito tempo pra treinar e nem podem treinar. Mas agora com essa semana livre vamos poder treinar finalização para que essa bola começa a entrar — comentou o zagueiro.
Segundo Léo Duarte, o grupo não perdeu esperança de conquistar o título brasileiro, mesmo com a perda da liderança e a distância de cinco pontos para o São Paulo.
— Está tudo embolado. Se tivermos três ou quatro vitórias, vamos brigar pela liderança. O Inter perdeu o jogo em Chapecó. O Brasileiro é muito difícil. Todos terão altos e baixos — opinou.
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