Ao longo das últimas semanas, uma verdadeira ‘novela’ tomou conta dos noticiários do futebol brasileiro. Tentando preencher uma carência de elenco apontada por seu novo comandante, Jorge Jesus, o Flamengo foi ao mercado em busca de um centroavante. O nome traçado em comum acordo por diretoria e comissão técnica foi o de Pedro, potencial ídolo e maior referência do arquirrival, Fluminense. Como não poderia ser diferente, o interesse rubro-negro tomou grandes proporções e inflamou as duas torcidas envolvidas, reascendendo uma rivalidade ‘esmorecida’ nos bastidores pela relação diplomática entre diretorias.
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Ainda que haja muito juízo de valor rolando sobre a negociação, não há certos ou errados neste grande imbróglio. Comecemos analisando o lado do Flamengo: extremamente saudável financeiramente e ambicionando títulos grandes no segundo semestre, o clube da Gávea tem todo o direito de demonstrar interesse no futebol de um atleta, ainda este pertença a um rival local. Tem direito também a apresentar proposta formal pelo próprio, desde que a abordagem seja feita dentro dos limites legais, procurando diretamente o clube com o qual o jogador tem vínculo. Qualquer coisa diferente é aliciamento, algo que o próprio presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, afirmou que não existiu.
Passamos para o lado do centroavante, que é o que vem motivando mais questionamentos éticos, especialmente por parte da torcida tricolor. Ao manifestar desejo de se transferir ao rival, Pedro rapidamente ganhou o rótulo de ‘mercenário’ e ‘traidor’, especialmente pelo fato do Flu ter sido o clube que o acolheu após sua dispensa da base do próprio Flamengo. Acontece que o futebol contemporâneo é 99% mercadológico e 1% paixão/identificação, com as histórias de idolatria e longos vínculos se tornando cada vez mais raros. Pedro está em seu direito de desejar o projeto que julga ser o mais vantajoso para sua carreira, não apenas a nível de salário, como de projeção e chances de erguer taças. Hoje, o Flamengo é um forte competidor e o Fluminense é coadjuvante, sofrendo financeiramente e administrativamente.
Apesar dos constantes salariais – situação que agrava sua posição nesta negociação -, o Tricolor Carioca também tem as suas razões e direitos. Pedro é um atleta do Fluminense e com contrato longo vigente, documento este que assegura algumas garantias ao clube das Laranjeiras. A multa rescisória alta foi estabelecida em comum acordo entre as partes durante renovação contratual, e o Flu tem direito de exigi-la integralmente em uma transação. Seu camisa 9 é um grande ativo do clube e a segurança jurídica/contratual permite que a diretoria tricolor faça jogo duro para negociá-lo. Isto, é claro, se o atleta estiver com seus pagamentos em dia, como é o caso neste exato momento.
Sem certo ou errado, é fato que o imbróglio é prejudicial e nocivo para todos. A indefinição dificulta as expectativas de futuro dos três envolvidos, e o clima fica cada vez mais beligerante a cada nova notícia divulgada. Para onde vai o jovem centroavante Pedro? Cena para os próximos capítulos desta novela.