Um dos dias mais significativos na história do Flamengo é o 23 de novembro. Para os torcedores mais recentes, a lembrança imediata é da vitória rubro-negra por 2 a 1 sobre o River Plate (ARG), na final da Libertadores de 2019. No entanto, na mesma data, mas em 1981, Zico e sua equipe coloriram a América do Sul de vermelho e preto pela primeira vez.
Em uma final realizada no Estádio Centenário, em Montevidéu, Zico marcou dois gols e assegurou a vitória do Flamengo por 2 a 0 sobre o Cobreloa (CHI). Entretanto, o caminho até a Glória Eterna foi extenso. Contra os próprios chilenos, houve uma disputa em formato “melhor de três”, que contou com a presença de policiais armados em campo e um “soco da vingança”, que trouxe uma sensação de justiça aos rubro-negros. Vamos relembrar um pouco da trajetória do Flamengo na Libertadores até o dia 23/11/1981.
O Flamengo ficou alocado no Grupo 3 da Libertadores, ao lado de Atlético-MG, Cerro Porteño (PAR) e Olimpia (PAR). Com duas vitórias e quatro empates, os brasileiros encerraram a fase inicial com oito pontos (na época, cada triunfo valia dois). Contudo, apenas o líder avançava para a próxima fase. Assim, foi necessário um jogo extra, em um campo neutro, para determinar quem seguiria na competição.
No Estádio Serra Dourada, o Atlético-MG partiu para a briga. Temendo o pior, o árbitro José Roberto Wright reuniu os jogadores das duas equipes e advertiu: “o primeiro que fizer falta por trás será expulso”. Minutos depois, aos 33 minutos do primeiro tempo, Reinaldo cometeu uma entrada violenta em Zico. Vermelho!
Em seguida, Éder se irritou com a arbitragem, empurrou Wright e também foi expulso mais cedo. Revoltados, os jogadores do Atlético ameaçaram retirar a equipe de campo, e Chicão e Palhinha também receberam cartão vermelho, deixando a equipe com sete jogadores. Logo após, o goleiro João Leite caiu simulando uma lesão, alegando que não jogaria mais e conseguiu o que queria: mais uma expulsão. De acordo com as regras da FIFA, uma equipe não pode atuar sem cinco atletas. Portanto, o Flamengo conquistou a vitória por WO.
Após avançar na primeira fase, seis equipes permaneceram na Libertadores. Essas foram divididas em dois grupos de três, com apenas o líder garantindo vaga na final. O Flamengo enfrentou Deportivo Cali (COL) e Jorge Wilstermann (BOL), saindo-se bem, com quatro vitórias em quatro partidas. Na outra chave, a surpresa Cobreloa eliminou Nacional (URU) e Peñarol (URU).
A decisão da Libertadores foi realizada em três jogos. No Maracanã, o Flamengo venceu com facilidade, por 2 a 1, com dois gols de Zico. No entanto, em Santiago, no Chile, a situação foi de guerra, e os chilenos saíram vitoriosos por 1 a 0. Os jogadores rubro-negros temeram por sua integridade física. Vários deles sofreram agressões, sendo Adílio um dos mais destacados, que teve o supercílio cortado. Os ídolos do Flamengo afirmaram que o zagueiro Jorge Soto disputou a partida com uma pedra na mão.
No gol do Cobreloa, aos 34 minutos do segundo tempo, houve uma invasão de campo e a presença de policiais fortemente armados. O Maestro Junior chegou a alertar os companheiros de que, caso o Flamengo saísse com o título no Chile, haveria um sério risco de tragédia.
Dessa maneira, a final da Libertadores foi decidida em campo neutro, no Uruguai. E mais uma vez, Zico se destacou, anotando dois gols no inesquecível dia 23 de novembro de 1981, quando o Flamengo coloriu a América de vermelho e preto ao vencer o Cobreloa por 2 a 0. Após garantir a vitória, o técnico Paulo Cesar Carpegiani enviou o atacante Anselmo a campo com uma única missão: vingar-se do violento Jorge Soto. Assim que entrou, o jogador rubro-negro desferiu um soco pelas costas e nocauteou o zagueiro chileno.
O campeão da Libertadores de 1981 entrou em campo no dia 23 de novembro com Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico; Lico, Tita e Nunes. Dentre esses 11 jogadores iniciais, dez estariam na escalação de 13 de dezembro de 81, quando o Flamengo conquistou o Mundial contra o Liverpool (ING). A única alteração foi a entrada de Marinho na vaga de Figueiredo.
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