Após conquistar um pontinho fundamental na Arena da Baixada contra o Atlético-PR, o Ceará confirmou matematicamente sua permanência na primeira divisão para 2019, a partir do empate entre Sport e São Paulo. O que parecia improvável após um início delicadíssimo na competição – seis derrotas e três empates nas nove primeiras rodadas -, se transformou em uma das histórias mais bonitas da atual temporada. Se os gols de Arthur Cabral, Leandro Carvalho e Juninho Quixadá foram essenciais dentro das quatro linhas para o enredo de superação, da área técnica veio o protagonista da reviravolta: Lisca Doido, um dos grandes treinadores do Campeonato Brasileiro de 2018.
Já segue a gente no Instagram? Clique aqui e venha para a Casa dos Torcedores!
Forjado na base do Internacional no início da década de 90, Lisca tem um currículo invejável no que diz respeito à conquistas em categorias inferiores e formação de jogadores. Em seus anos no Colorado, trabalhou com diversos nomes que viriam a ser importantíssimos para a história do clube gaúcho: Nilmar, Rafael Sóbis e Alexandre Pato, isso para citar alguns poucos. Ao todo, são 29 títulos nacionais/internacionais no futebol de base.
Apesar do extenso histórico de conquistas na base, o profissional sempre migrou entre clubes pequenos/médios do Brasil – Náutico, Paraná, Caxias, Juventude, Joinville, Guarani -, sendo lembrado por um gigante apenas na reta final de 2016, quando seu clube formador (Inter) apostou em sua contratação para tentar evitar o inédito rebaixamento colorado. Apesar da fama de exímio ‘bombeiro’, capaz de apagar incêndios e salvar crises aparentemente irremediáveis, não houve salvação para o Colorado naquele ano.
Minha teoria é de se criou um “folclore negativo” sobre Lisca: lembram-se dele apenas como o cara irreverente e entusiasmado, taxando-o de motivador sem bagagem ou capacidade de aguentar as turbulências de um clube grande. É aí que mora o erro. O comandante gaúcho não apenas tem bagagem, cancha e formação, como tem experiência em lidar com pressão. Afinal, construiu toda uma carreira de salvamentos de times (alguns de massa, como o próprio Ceará) à beira do rebaixamento, situação que todo treinador costuma temer/fugir.
Além de tudo isso, o treinador de 46 anos já se provou moderno, fã de um futebol ofensivo e pra frente. Talvez por isso que nenhum clube grande aposte em sua contratação: a Série A tem priorizado cada vez mais a filosofia do ‘jogar para não perder’, em que a solidez defensiva e o pragmatismo são as prioridades em detrimento do jogo bem jogado. Lisca não joga para empatar, e isso deve assustar as mentalidades estreitas de muitos dirigentes. Uma pena, pois seria doido vê-lo comandando um gigante brasileiro!
