O candidato ou o vice de futebol? O burburinho político ou o foco na arrancada final do Brasileirão?
Ricardo Lomba lançou oficialmente sua candidatura à presidência do Flamengo na noite de quinta-feira, no Rio de Janeiro. Dois dias antes da "decisão" do rumo da equipe na temporada, diante do Palmeiras, e dois dias depois de debater a polêmica envolvendo o futuro de Diego Alves. Semana que expôs o conflito entre presente e futuro do Rubro-Negro.
Ricardo Lomba e Carlos Noval em coletiva sobre Diego Alves — Foto: GIlvan de Souza / Flamengo
Candidato da situação, Ricardo se posiciona cada vez mais no front das decisões do departamento de futebol. Foi voz determinante na troca de Maurício Barbieri por Dorival Junior, e recebeu carta branca de Eduardo Bandeira de Mello para conduzir o ato de indisciplina de Diego Alves. Mais em evidência, mas também exposto como nunca, o dirigente busca o equilíbrio no turbilhão político do clube:
– Em momento algum, penso como candidato quando estou no estádio como vice de futebol. Já falei que não pensaria duas vezes em trocar a vitória na eleição pelo título brasileiro.
– O título é uma coisa importantíssima. É lógico que isso reflete na política, mas, absolutamente, isso fica em segundo plano. O importante para mim é o Flamengo ganhar e ser campeão.
Por mais que o desconforto permaneça no caso Diego Alves, o Flamengo optou por contemporizar externamente o episódio em prol do bom ambiente interno. Faltando oito rodadas para o fim do Brasileirão, uma vitória sobre o Palmeiras reduziria para um ponto a distância para liderança e a ordem é de minimizar qualquer interferência no elenco.
Ricardo Lomba ao lado do candidato a vice, Walter Oaquim, no lançamento da candidatura — Foto: Marcelo Baltar/GloboEsporte.com
Ricardo Lomba deixou claro o peso do duelo contra os paulistas para a disputa do heptacampeonato e, por tabela, para o pleito de 8 de dezembro:
– Extremamente importante, o mais importante do ano, e não podemos conversar com outro resultado que não seja a vitória. Estamos extremamente focados. Temos a semana inteira para acertar o time, que vem jogando bem, está compacto, solidário. Teremos o apoio da torcida, casa cheia, e é fundamental a vitória. É decisão, sim. Temos que passar por essa e pensar nas próximas torcendo por um tropeço do Palmeiras.
Satisfeito com a resposta imediata de Dorival Júnior, Ricardo Lomba avaliou a mudança de rumos que deu sobrevida ao futebol rubro-negro, garantiu independência na continuidade do trabalho desenvolvido por Eduardo Bandeira de Mello e traçou o organograma do futebol do Flamengo caso vença a disputa presidencial:
– Cada vez mais profissional com menos interferência dos dirigentes amadores.
Trocar de técnico foi um acerto?
Acaba sendo a cultura do futebol brasileiro. Você tem um elenco com 34 jogadores, as coisas vão indo bem, de repente para de funcionar, e é difícil tomar atitude em relação ao grupo. Acaba sobrando para o treinador. Procuramos alguém com as características que se adequassem ao Flamengo. O Dorival é acostumado a treinar times de posse de bola, com jogadores da base, e optamos.
Bandeira e Lomba no Ninho do Urubu — Foto: Gilvan de Souza / Flamengo
Uma coisa que é relevante é ter a semana para treinar, algo que o Barbieri não tinha. O Dorival teve esse privilégio, o time comprou o discurso, está mais intenso, chegando com mais gente na área, mais jogadores fazendo gols. Então, foi uma mudança acertada, sim.
Efeito mais tático ou motivacional?
Talvez ele tenha apertado alguns parafusos que ficaram soltos ou frouxos na gestão do Barbieri. Isso deu um ânimo diferente e a coisa encaixou. Não é uma situação isolada. Os dois fatores juntos deram um resultado melhor.
Fica a lição de que um técnico mais cascudo é mais eficiente?
Sem dúvida tem que servir de lição. Estamos há um ano nesse processo, com alguns equívocos, e isso tem que servir de aprendizado. Mas é muito tranquilo fazer uma análise depois. Tanto o Zé Ricardo quanto o Barbieri tecnicamente são muito bons, fizeram um grande trabalho. São experiências que deram certo, mas em certo momento não conseguiram tirar da equipe e foi necessária a troca.
Guerra das cores
Esse problema das cores serve apenas para separar as chapas. Todos nós temos que estar preocupados com as nossas propostas, o que temos para oferecer aos associados, ao torcedor. Esse discurso de acusações, de buscar problemas na chapa adversária fica muito pobre. O que é preciso saber é o que aquela chapa, seja qualquer for a cor, tem para oferecer para tornar o Flamengo maior. E isso até o fim do dia 8 de dezembro. Depois disso, somos todos os rubro-negros.
Lomba é sequência do Eduardo ou é independente?
O Lomba é o Lomba, o Eduardo é o Eduardo. O que nos une é acreditar no projeto de um grupo que avaliamos fazer um belo trabalho no Flamengo, com realizações importantes. Por acreditar nisso, nos colocamos à disposição para seguir ajudando o clube. O Eduardo tem suas peculiaridades, eu tenho as minhas. Cada um vai levar a sua maneira. Ele cumpriu os seis anos, uma gestão que merece aplausos.
Planos para o futebol em 2019
Temos um organograma que seria: vice-presidente (de futebol) e vice-presidente da base. Depois, o CEO do clube, que vale para todas as partes, e o diretor executivo. Daí, abre para quatro gerências: centro de inteligência e performance, centro de inteligência de mercado, futebol de base e futebol profissional.
Acho que temos uma carência de um coordenador técnico que faça essa integração entre profissional e base, colocando a metodologia. É algo que sempre pensamos. Está no nosso planejamento e entendemos como muito importante o trabalho de acompanhamento para que os degraus da ascensão dos jogadores sejam feitos de maneira suave com o profissional.
Quem será o vice de futebol?
Já temos um vice que conhece de futebol, está próximo de nós, sabe trabalhar em parceria, em equipe, sabe ouvir, mas tem energia para cobrar bastante. São características que acho importantes. Dar autonomia, fazer o acompanhamento e exigir resultados com as cobranças necessárias. Oportunamente vamos divulgar, mas, por questão profissionais, vamos esperar.