Rafa Penido: “Tudo está organizado”

A felicidade reside na capacidade de enxergar a beleza na justiça e na verdade. A realidade é que o Flamengo empurrou o Corinthians para o abismo de sua triste situação: o gigante paulista se debate em problemas financeiros e éticos e, nocauteado no Maracanã, saiu desmantelado, recolhendo fragmentos e levando um saco cheio de gols de volta a São Paulo.

A digna torcida corintiana passou por um domingo amargo, atônita e desolada — um sentimento bem representado pelo novo técnico, que, das cabines do Maracanã, pôde vivenciar a mesma frustração que sentimos quando a Argentina goleou sua Seleção.

A verdade surgiu no Maracanã, e quem não aplaude a combinação perfeita de Filipe Luís e Flamengo, é porque está recalcado. Meus olhos testemunharam — e não foi a primeira vez — um time reminiscentemente ao de 2019, porém com novos elementos e sem o ineditismo que iluminava a aura daquele esquadrão.

É sabido que, na essência, é trabalho, treinamento e o privilégio de contar com jogadores excepcionais como Arrascaeta e Pedro em altíssimo nível de competitividade que fazem a diferença.

‘Esse viver ninguém me tira’, afirma o rubro-negro confiante, com motivos suficientes para, em seu íntimo, também considerar: esse Brasileirão ninguém me tira.

Aos aflitos corações latino-mengoamericanos: acalmem-se, pois empatar na altitude de Quito sem sofrer gols não foi um resultado ruim. A Libertadores ainda tem seus caminhos, coração.

Os 4 a 0 trouxeram à mente uma sensação de déjà-vu, mas o fato é que foi uma das apresentações mais esplêndidas do futebol mundial, em um final de semana em que o Liverpool conquistou o campeonato inglês com uma goleada, e o Barcelona venceu o Real Madrid em uma final da Copa do Rei recheada de gols.

O confronto entre os clubes mais populares do Brasil teve uma importância marcante e elevou o Flamengo a uma nova posição, enquanto o Corinthians viu seu acesso negado e, assim como outros 18 clubes, segue atrás do líder.

Essa é a minha percepção sobre o Flamengo atual: um time capaz de superar qualquer desafio, que pode vencer qualquer adversário, que levanta sua torcida e derruba oponentes quando e como deseja.

Como dizia o lendário Joãosinho Trinta, ícone do Carnaval e da cultura brasileira: ‘Sonhar pequeno nunca foi meu forte’ — uma frase perfeita para um time que tem a vocação de carregar o mundo, transformando seus sonhos e ambições em carnaval, enquanto, de forma astuta, deixa seus adversários amargando o que não é Flamengo, o que não é vitória destinada.

Publicado em colunadofla.com