RMP: “Sem explicações plausíveis”

Foi constrangedora, para dizer o mínimo, a entrevista do presidente do Flamengo, tentando explicar o inexplicável e justificar o injustificável: a venda de Lucas Paquetá para o Milan, na reta final do Campeonato Brasileiro, em suaves prestações e por um preço inferior ao da multa rescisória prevista em contrato.

Lado a lado, Eduardo Bandeira de Mello, Rodrigo Lomba, seu vice-presidente de futebol, e o diretor geral Bruno Spindel falaram, falaram e não disseram nada que fizesse sentido. Muito pelo contrário.

Revelaram, por exemplo, que houve, no meio do ano, uma tentativa de antecipar a renovação do contrato do jogador (que vai até o meio de 2020), para aumentar o seu salário e, consequentemente, o valor da multa.

Ora bolas, se queriam tornar a multa rescisória mais alta que os R$ 50 milhões atuais, como concordaram em negociá-lo agora por apenas R$ 35 milhões e ainda por cima em prestações? Não há explicação lógica que se sustente nessa história.

O próprio Lomba (atual candidato da situação) cansou-se de dizer que Paquetá só deixaria o clube se a multa fosse paga integralmente. Na patética entrevista de anteontem, tentou justificar a mudança drástica de posição, alegando que quando falava antes referia-se apenas à janela do meio do ano. E qual a diferença entre as janelas? Por que agora o jogador pode ser vendido por bem menos?

O que de fato mudou, e isso eles não falam, é que o mandato da atual diretoria está chegando ao fim e já é público e notório que a próxima eleição está perdida – o que faz a venda cheirar a uma lamentável retaliação contra o grupo que vai sucedê-la.

Pior: se a situação financeira do Flamengo é tão boa quanto os atuais dirigentes apregoam (e, confesso, já começo a ter sérias dúvidas quanto a isso) o clube não precisava vender ninguém. Muito menos o seu melhor jogador. Entretanto, no apagar das luzes, o que se vê, além da absurda transferência de Paquetá, é mais uma tentativa de aprovação de um substancial empréstimo bancário…

Para finalizar, o ponto mais tragicômico da inútil entrevista: Bandeira disse que a ideia era esclarecer todos os pontos nebulosos da transação e não revelou cifra alguma, alegando estar impedido por uma cláusula de confidencialidade existente no contrato de venda. Só rindo. Para não chorar! O clube de maior torcida do Brasil e, atualmente, segundo dizem, de maior faturamento também, vende seu melhor jogador por valor bem abaixo da multa e ainda aceita imposições de sigilo do comprador, como se esse estivesse lhe fazendo um grande favor. Ridículo.

Resumo da ópera: a entrevista foi mais um disparate dessa turma que não entende patavinas de futebol e gastou uma fortuna, durante seis anos, para ganhar apenas dois carioquinhas e uma Copa do Brasil, sabe-se lá como e na bacia das almas. Um balanço esportivo desastroso.

Tiro no escuro

A escolha de Lucas Paquetá, ao se transferir para o Milan, é, no mínimo, arriscada. Faz tempo que o futebol da Itália vem perdendo importância na Europa e, mesmo no campeonato italiano, o clube “rossonero” anda longe de seus anos de glória.

O jogador e o Flamengo teriam feito melhor se tivessem aguardado uma proposta mais alta, de um clube inglês de ponta, ou um dos gigantes espanhóis – até o Atlético de Madrid teria sido uma opção esportiva bem mais interessante. Ou o Paris Saint Germain, de Neymar e Mbappé.

O problema, como sempre, é a avidez dos empresários em realizar o mais rapidamente possível qualquer lucro visível. E, nesse aspecto, Eduardo Uram, seu agente, pode lhe estar fazendo muito mais mal que bem. Vide o que aconteceu recentemente com Gabigol.

Perigo, perigo

Má notícia para o Fluminense: às vésperas do jogo contra o tricolor carioca, o Atlético Mineiro demitiu o seu estagiário, Thiago Larghi. Como se sabe, há uma tendência natural de subida de produção de um time logo que troca o treinador (o que nem sempre se mantém). O Flu já está em posição razoavelmente tranquila em relação ao rebaixamento e pouco tem a aspirar no Brasileiro. Seu foco principal passou a ser a Sul-Americana. Será que Marcelo Oliveira vai poupar titulares, contra o Galo, já pensando na partida da próxima quarta-feira, contra o Nacional, do Uruguai?

Te cuida, Schummy!

Se a Mercedes repetir a dobradinha, com Lewis Hamilton, em primeiro, o inglês será pentacampeão mundial já no próximo domingo, no GP dos EUA, em Austin. Com a marca, se igualará ao argentino Juan Manuel Fangio, lenda do esporte e recordista absoluto até o surgimento do alemão Michael Schumacher.

Se Lewis será capaz de alcançar também os sete títulos de Schummy é o que se discute, hoje em dia, no circo da velocidade. Até mesmo um desafeto, como o ex-companheiro Nico Rosberg, acredita que, mais cedo ou mais tarde, Hamilton chegará lá.

Detalhe: ele venceu cinco dos seis GPs disputados em Austin (aí incluídos os quatro últimos anos). Caminha, de fato, a passos largos para se tornar o maior de todos os tempos em termos de resultado. Em termos de talento, e acho que até o próprio Lewis concorda, continuo com Ayrton Senna.

Reprodução: Blog do Renato Maurício Prado

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2018/10/rmp-sem-explicacoes-plausiveis/

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