O apagar dos novos refletores do estádio Luso-Brasileiro pode representar, a depender dos resultados dos jogos desta quarta-feira, o ocaso da participação dos times pequenos do Grupo A no Carioca. A Portuguesa recebe o Botafogo, às 21h30, jogando por si, pelo Boavista e até pelo Bangu, formando o bloco dos que ainda têm chances de superar o alvinegro e alcançar as semifinais da Taça Rio.

Simultaneamente, o time de Saquarema estará no Maracanã para a tarefa mais complicada da noite: somar pontos diante do Flamengo, já classificado e cumprindo tabela.

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Cada um tem uma conta diferente. Mas todos tentam evitar o início de um período sem jogos e a inevitável análise do cenário econômico gerado pela pandemia.

A Ferj cancelou competições do segundo semestre: a Copa Rio é a principal. A regra da pausa para balanço vale até para os que disputarão a Série D do Brasileiro (Bangu, Portuguesa e a lanterna Cabofriense), já que a data de início da Quarta Divisão é uma incógnita. Ainda assim, a visão deles é que acelerar a volta do Estadual foi importante para receber os valores devidos dos direitos de transmissão.

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A incerteza do ano da pandemia

O Boavista, embora melhor colocado entre os pequenos, empatado com o Botafogo nos sete pontos, é quem tem mais a perder. Como disputou a Copa do Brasil, só voltará a jogar em 2021, caso seja eliminado e a Ferj não sinalize qualquer competição de profissionais até o fim do ano.

— Como o Boavista foi muito atingido, o clube entrará em recesso até o próximo campeonato. Os jogadores com contrato ficam. Outros vão embora — explica o gestor João Paulo Magalhães.

Mas o destino do clube pode se cruzar com a Portuguesa. Ambos negociam uma parceria para a Série D: o Boavista emprestaria alguns jogadores para não deixá-los fora de atividade.

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A questão é que também há uma imprevisibilidade sobre a Série D. A prioridade da CBF no momento é checar a viabilidade de início da Série A. A meta é 9 de agosto. Mas a quarta divisão corre risco de ser muito afetada pelas desistências. Internamente, uma proposta avaliada é tirar ameaças de punições aos clubes pela saída do torneio. A partir daí, a CBF analisaria os que ficaram para rearrumar o formato da competição. Mas pelo posicionamento atual, nenhuma desistência virá do Rio.

— Vamos disputar a Série D. Vai ter a competição. Não sei o dia. Para isso, o elenco vai ser mantido. Pode ser que aconteça algum investimento — disse o presidente da Lusa, Marcelo Barros, que precisa vencer o Botafogo e secar o Boavista para avançar à semifinal da Taça Rio.

O Bangu precisa de uma combinação complicada: torcer por uma vitória magra da Portuguesa e golear a Cabofriense (que mandou documentação via Ferj confirmando presença na Série D). Como joga às 15h15, em Moça Bonita, terá que fazer o dever de casa antes. Para o futuro, além de rever o planejamento de receitas e despesas, a Série D é fator indiscutível na equação.

— Vamos jogar a Série D, nem que fosse com um time sub-15, se pudesse. Se a CBF marcar data, quero voltar a treinar um mês antes — disse Jorge Varela, presidente do conselho diretor do Bangu.