O fracasso do Flamengo na Libertadores se dá em meio a cobranças sobre o departamento de futebol que já vêm acontecendo nas últimas semanas, e prometem se intensificar. A queda de rendimento da equipe e o tempo perdido com aposta sobre o trabalho do ex-treinador Domènec Torrent minaram um pouco o trabalho e o poder do vice de futebol Marcos Braz.

O dirigente ainda se desgastou durante a campanha que o levou a se tornar vereador pela cidade do Rio de Janeiro. No clube, um pedido de investigação por uso político do Flamengo foi aberto para votação de conselheiros. Há quem diga que Braz não emplaca 2021 se o time não deslanchar no Brasileiro. Mas o vice amanheceu no Centro de Treinamento nesta quarta-feira e aposta no trabalho do dia a dia. E não quis comentar o atual cenário do futebol.

No momento, a perspectiva é de avaliar como o Flamengo vai lidar com o Brasileiro sendo sua única competição em disputa. Não está prevista mudança nem reformulação de elenco de imediato, apenas ao fim da temporada. Quando o clube já começará a viver o clima da eleição presidencial de 2021.

O mesmo vale para a comissão técnica. Rogério Ceni agradou ao grupo e aos dirigentes, apesar de erros nas escolhas durante algumas partidas terem sido admitidos internamente. Entre eles, a manutenção do zagueiro Gustavo Henrique, que voltou a falhar, e ter sacado ao mesmo tempo Éverton Ribeiro e Arrascaeta contra o Racing. Mas, no caldeirão político, será avaliado com mais rigor. Já que tem apenas uma vitória em seis jogos, enquanto acumula duas eliminações.

No Ninho do Urubu, Braz não é mais soberano nas questões do elenco com a diretoria. O vice de relações externas, Luiz Eduardo Baptista, membro do conselho do futebol, ganhou o reforço do vice de finanças, Rodrigo Tostes, que passou a influenciar algumas decisões da pasta, em função do ano atípio e das perdas de receitas durante a pandemia.

As quedas na Copa do Brasil e agora na Libertadores diminuem ainda mais o poder do vice de futebol para decidir sobre o futuro de atletas, seja na permanência do goleiro Diego Alves, que tem a renovação em risco como nunca, seja na compra de jogadores importantes, como Pedro e Thiago Maia.

Braz segue como único representante da diretoria no dia a dia de treinos e vestiários. Mas tanto ele como o diretor Bruno Spindel não gozam do mesmo prestígio com o elenco. Houve desgaste com premiações devidas e a condução da renovação de Diego Alves. Há relatos de um afastamento e de pouco diálogo entre as partes ao longo de 2020, diferentemente do que havia até a saída de Jorge Jesus e Rafinha.

As críticas se direcionam ainda ao presidente Rodolfo Landim. Que vetou o acordo do futebol sobre a renovação de Diego Alves e aumentou o descontentamento entre as lideranças do elenco. O mandatário também enfrenta cobranças na Gávea. Sobretudo por não se posicionar em momentos delicados.

Como dá sustentação ao trabalho de Braz, mas se mantém neutro, Landim vê sua base política, formada por alguns grupos que o apoiaram na eleição, reclamar bastante sobre o fato do vice de futebol conciliar o clube com a campanha parar vereador. Ele assume em janeiro. Também há cobranças maiores em função do excesso de lesões e das trocas recentes no departamento médico, com indicação de aliados de jogadores e dirigentes.