Vasco e Flamengo deixaram questões táticas mal resolvidas no clássico que terminou com vitória rubro-negra por 2 a 1, dez dias atrás. O reencontro das equipes, agora pelas semifinais do Campeonato Carioca, deverá mostrar se alguma delas está pronta para dar o passo seguinte.
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O primeiro jogo será hoje, às 20h, no Maracanã. A expectativa é de bom público — apesar dos problemas no sistema de venda, até o começo da noite ontem, 30 mil ingressos haviam sido vendidos, dos 60 colocados à venda. São torcedores ansiosos para acompanhar um duelo cujo desfecho pode ser diferente do de dez dias atrás. Mas que contará com propostas bem parecidas com a do jogo passado.
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O Vasco de Zé Ricardo deixou o Nilton Santos orgulhoso da atuação no dia 6 de março, mesmo com a derrota sobre os ombros. A estratégia adotada foi de sistema defensivo total, os dez jogadores de linha empenhados na marcação quando a equipe não tinha a bola.
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A postura surtiu efeito. O time da Colina foi pouco ameaçado na maior parte do tempo e viu a individualidade de Arrascaeta resolver para o rubro-negro. A tendência é que a aposta vascaína se repita esta noite. É o investimento no jogo sem a bola, o que eventualmente inclui desestabilizar emocionalmente o adversário.
— O futebol é muito da cabeça, ainda mais jogando num estádio cheio como o Maracanã. Temos que levar o jogo para uma direção favorável para nosso time. Claro que desestabilizar o jogador é bom e pode ajudar a gente, faz parte do jogo — afirmou Quintero.
Os jogos mentais do zagueiro vascaíno, por melhor que sejam, não dão conta de um problema que a equipe mostrou no clássico pela Taça Guanabara. Zé Ricardo tenta fazer com que o empenho defensivo seja acompanhado de saídas para o ataque esquematizadas, que não dependam do acaso. Não será sempre que um jogador do Flamengo perderá a bola na intermediária como Andreas Pereira perdeu e oferecerá o contra-ataque concluído com um golaço de Gabriel Pec.
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O Vasco gosta do jogo reativo e, ainda que não tenha na Série B adversário do nível do Flamengo, o contexto em que será pressionado atrás deverá se repetir ao longo da segunda divisão. É O passo seguinte é tornar o contra-ataque mais do que uma arma circunstancial.
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A solução encontrada pelo Flamengo para furar o bloqueio do Vasco na última partida — a escalação de cinco atacantes no segundo tempo —dificilmente se repetirá por 90 minutos. Ainda que o rival mantenha a estratégia de esperar o rubro-negro em seu campo, Paulo Sousa não iniciará com formação tão ofensiva.
Na ocasião, o time teve nos minutos finais Marinho, Bruno Henrique, Pedro, Gabigol, Arrascaeta e Vitinho no ataque. David Luiz se isolou com o auxílio dos laterais, Rodinei e Filipe Luís, e de João Gomes.
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Agora, o Mister pode buscar um meio termo. Diante de equipes fechadas, ao longo desta temporada, o treinador costuma lançar Pedro ao lado de Gabigol, e alternar Bruno Henrique e outro meia — Arrascaeta ou Éverton Ribeiro.
Outra alternativa é ter Lázaro como ala pela esquerda, por sua velocidade e técnica, chegando para municiar Bruno Henrique e Gabigol por dentro, com Arrascaeta caindo pelo lado oposto. Todos experimentos que Paulo Sousa testou ao longo das partidas do Estadual. A ideia inicial passou, também, pela segurança de David Luiz sozinho no centro da zaga, com alas que subiam, mas voltavam para marcar se necessário.
Ter formação que não proteja a defesa é, também, um risco, pelo tempo que for. O contra-ataque do Vasco na bola perdida por Andreas Pereira foi lição clara. Com campo farto, Gabriel Pec não teve combate nem dos volantes nem dos zagueiros. E a lentidão é ponto fraco da defesa titular rubro-negra.