Em meio a pandemia do novo coronavírus, o Flamengo passou por um grande susto. Maurício Gomes de Mattos, vice-presidente de embaixadas e consulados do clube, testou positivo para a Covid-19 no início de março. Ele foi um dos 1.891 casos confirmados no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, e contou ao GLOBO sobre o drama que viveu.

— Foi um grande susto. Pior foi o peso na consiência por ser o portador de algo maligno, maléfico para o seu semelhante. Estive com o Zico, com o Mozer, com o Andrade, com o presidente do clube… Tudo pesava muito. Quando descobri que não passei para ninguém, foi um grande alívio. Graças a Deus, mesmo que involuntário — relata o vice-presidente.

Maurício acredita que contraiu a doença quando viajou para a Espanha, também em março, ao lado do presidente Rodolfo Landim e do vice de comunicação Gustavo Oliveira. Lá, sentiu os primeiros sintomas e procurou um hospital quando voltou ao Brasil. Tudo poderia ter sido diferente se o dirigente fosse tratado com mais atenção.

— Quando cheguei da Espanha, tive a precaução de ir a um hospital [o vice preferiu não revelar o nome], que disse que eu não tinha sintoma e não me indicou a fazer quarentena nem o teste do coronavírus. Estava respirando bem, sem febre. Até que apareceu uma sensação de mal estar muito grande, de fraqueza, de desmaio — conta Maurício, que já estava ciente dos perigos do coronavírus durante a viagem:

— Nós usavamos máscara, tínhamos alcool gel em mãos. Estávamos os três sempre juntos. Eu acho que [fui infectado pelo coronavírus] no trem, porque tinha uma pessoa que espirrava muito atrás de mim. É um “achômetro”, mas como estava bem atrás de mim e os outros dois que estavam comigo não contraíram.

Mauricio Gomes de Mattos Foto: Gilvan de Souza

Maurício Gomes de Mattos estava internado no Hospital Santa Luzia, em Brasília, e recebeu alta na última sexta-feira. Ele está em isolamento domiciliar no Rio de Janeiro, assim como todos os funcionários e jogadores do Flamengo. Antes disso, ele conta sobre uma situação curiosa que viveu na capital federal.

— Minha secretária buscou um hotel para eu ficar quando sai hospital. Eu avisei que estava recuperando do coronavírus e a idia era poder ficar trancado. No primeiro dia, tudo certo. No dia seguinte, o hotel resolveu fechar por medo do coronavírus. Então, aluguei um carro e fui para o Rio de Janeiro para uma casa que tenho e dispensei os funcionários.

Devido ao caso de Maurício Gomes, todos os funcionários do departamento de futebol do Flamengo realizaram exames para saber se foram contaminados pelo novo coronavírus. Apenas Jorge Jesus havia testado positivo inicialmente, mas novos testes deram negativo para a Covid-19. Maurício e Jesus estiveram juntos no voo para a Colômbia, quando o Flamengo enfrentou o Junior Barranquilla, pela Libertadores.

— Estava a seis poltronas dele [Jorge Jesus], não tive tanto contato. Quando estivermos junto pessoalmente, pretendo conversar. É um cara que vive da caridade como eu. Hoje, peço: pelo amor de Deus, levem a sério o que nós estamos vivendo. O mundo vai mudar e espero que você mude agora. Você vai proteger seus pais, seus avós e a socidedade de um modo geral. Seja responsável.