Aos 8 anos, Yuri César encarava o trajeto entre Volta Redonda, sua terra natal, e Xerém, onde passava por um período de avaliação no Fluminense. Mas a dificuldade da viagem, feita em mais de um ônibus, e seu custo o levaram a desistir. Este foi apenas um dos percalços que o garoto — hoje com 19 — encontrou pelo caminho. Ter o dobro de idade e uma carreira já consolidada não impede Nenê de também lidar com desafios. Os dois, que se enfrentam no Fla-Flu desta quarta, às 20h30, no Maracanã, resumem a vida de um jogador de futebol.

LEIA MAIS:Falta de entendimento ameaça revitalização do estádio do Fluminense

Seja de um veterano que se dedica a estender a longevidade da carreira, seja de um novato que ainda busca seu lugar ao sol, o esporte faz suas exigências. Cerca de um ano depois de abrir mão do Fluminense, Yuri ganhou uma nova oportunidade. Desta vez no Flamengo, na Gávea. Diante de uma segunda chance, desistir não era opção. Até os 14, idade a partir da qual adolescentes podem morar nos alojamentos dos clubes, deu o seu jeito para para ir e voltar de ônibus e não perder os treinos.

— O Yuri perdeu o pai ainda criança. E sua mãe era muito nova. Desde cedo ele já tinha aquela responsabilidade de se tornar o chefe da família — conta Marco Cantieri, agente do meia rubro-negro.

LEIA MAIS:Análise: Flamengo mantém Gabigol e cria condições para atacante responder a uma velha interrogação

A final do Brasileiro sub-20 do ano passado, vencida pelo Flamengo, ilustra bem como Yuri enfrenta as adversidades. Foi dele, na época camisa 10, um dos gols na vitória por 3 a 0 sobre o Palmeiras. Ele lesionara o joelho duas semanas antes. Ignorou a previsão dos médicos, que deram de 4 a 5 semanas de reabilitação, e jogou a decisão mesmo ainda com resquícios de dor.

LEIA MAIS:Tem gol em 2020? Veja recordes e feitos que Gabigol ainda pode bater no Flamengo

As lesões nunca foram um grande desafio na carreira de Nenê. Mas, para ostentar o bom condicionamento físico que o mantém titular do Fluminense aos 38 anos de idade, o meia encara outros. Nas últimas férias, dedicou algumas horas para exercícios específicos e treinos funcionais a partir do 10º dia. Além do futevôlei.

— Isso não é só de agora. O cuidado é no dia a dia. É de uma carreira toda para chegar nesta forma física com a idade que estou. Sempre me cuidei e nunca tive nenhuma lesão. Isso ajuda — diz o apoiador, que ainda credita sua longevidade nos campos a outro cuidado:

— Claro que no dia a dia ainda tem a questão da alimentação e, principalmente, dormir bastante. O sono é muito importante para mim. É a maneira fundamental para eu me recuperar do desgaste dos jogos e dos treinos.